Banksy é um artista conhecido ao redor do planeta por seus trabalhos urbanos, como o grafitti, de cunho social e político. Indo além dos muros, o artista dirigiu o documentário Exit Through the Gift Shop, que mostra e explica essa arte urbana, considerada por muitos um movimento, chamada de street art.
O filme pretende narrar a história de um videomaker francês, Thierry Guetta, que também pretende fazer vídeos sobre a arte de rua. Guetta, no entanto, não satisfeito em documentar, decide fazer arte. Assim, torna-se ele também um artista urbano, assumindo o nome de Mr. Brainwash.
A grande carta que Banksy tem em mãos é a discussão sobre o que é arte hoje, para que ela serve e qual a fronteira que separa o artista do baderneiro, o grafiteiro do pixador. Exit Through the Gift Shop não elucida com veemência essa questão, porém. Não há uma atenção cuidadosa com o posto de arte que o grafitti e todos esses meios de expressão urbanos estão tendo hoje. Não se dicute isso verbalmente.
Digo verbalmente porque, mesmo que o assunto não seja tratado com aprofundamento, esse assunto está ali, na tela. O que há de contra-balancear. O que antes estava nas ruas e produzido por pessoas marginalizadas, hoje vem ganhando status, preenchendo galerias no mundo todo e feito por, agora, artistas respeitados e cobiçados.
Agora respondendo por Mr. Brainwash, Thierry Guetta promove sua primeira exposição, em Los Angeles, EUA. Nesse caminho, o artista emergente decide começar do topo. Mas ao longo do filme, nota-se que ele não sabe muito bem o que faz. Por isso, contrata designers e outros conhecedores das técnicas para ajudá-lo a montar sua exposição.
Boatos contam que essa história seja mais uma brincadeira de Banksy, que tudo não passa de uma história inventada. É mais uma peça de arte do artista, que agora critica com bom humor as artes. Mas nem importa tanto. Exit Through the Gift Shop se mostra eficente a que veio. Expõe esse rico universo da arte urbana e abre mais um debate sobre o que é e qual a importância da arte na sociedade contemporânea.
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O que é arte hoje?
Posted : 13 years, 10 months ago on 27 January 2011 11:01 (A review of Exit Through the Gift Shop)0 comments, Reply to this entry
Sobre como não fazer jornalismo
Posted : 14 years, 1 month ago on 1 October 2010 12:41 (A review of Shattered Glass)A profissão do jornalista é muito cobrada por todos, inclusive pela própria mídia. Os fatos têm de ser tratados com total veracidade e a maior imparcialidade possível. Nisso, ou melhor, no inverso disso, baseia-se o filme O Preço de uma Verdade. Dirigido por Billy Ray, o filme conta a derradeira carreira de Stephen Glass numa das revistas mais influentes do Estados Unidos: The New Republic. Baseado em fatos reais.
Stephen Glass (Hayden Christensen), 24 anos, jornalista da The New Republic, escreve há meses artigos falaciosos de fatos que nunca existiram. Tudo sem deixar a mínima suspeita, por tratar seus colegas de trabalho com extremo afeto, tratamento este recíproco por todos. Seus artigos são inventados a partir de fontes inexistentes, anotações forjadas e fatos nunca privados. No entanto, ao longo do filme, Stephen se mostra ávido a provar e contornar todos seus artigos, sem nenhum cansaço.
Até que um outro jornalista, Adam Penenberg (Steve Zahn), de outra revista, Forbes, suspeita de um artigos de Glass e decide verificá-lo. Assim, fica claro o clima de rivalidade, mesmo que amena, que permeia as revistas, neste caso, no campo jornalístico, se policiando e esperando o próximo vacilo do concorrente. O longa toma essa rivalidade como ponto de partida para o desenrolar da história. Stephen e seu recém contratado a editor Chuck Lane (Peter Sarsgaard) partem para defenderem-se da concorrência.
A narrativa linear de O Preço de uma Verdade é alternada às cenas, divididas em diversas partes, de Stephen dando uma palestra em sua antiga escola, onde cursou o ensino médio. O centro da história é Glass, visto que a narrativa tende a mostrá-lo, inicialmente, livre de suspeita, enganando até a quem assiste. A fim de mostrar os bastidores de uma redação e do meio produtivo do jornalismo, fica notável o quanto importante é a busca, o bom uso e a confirmação de fontes verdadeiras para a qualidade de um bom jornalismo.
A âmbito das atuações, nenhuma decepciona, embora também nenhuma se destaca tanto. Salvo apenas a atuação de Peter Sarsgaard, o editor Chuck, que vai do compreensivo ao ostensivo em questão de cenas, sabendo dosar as emoções com competência e convencimento. Mesmo que o filme esteja voltado apenas para Stephen, em planos fechados sobre o seu semblante, ora rígido de segurança, ora acuado sob as acusações.
Mostrando como funciona basicamente o jornalismo em seu modo de fazer, O Preço de uma Verdade dá um exemplo de como não fazer jornalismo. Do uso e manipulação de fontes às relações diplomáticas entre os jornalistas. Durante o filme todo, talvez as únicas verdades contadas por Stephen Glass estejam no que ele diz em sua palestra. Isso só quem viu o filme pode entender.
Stephen Glass (Hayden Christensen), 24 anos, jornalista da The New Republic, escreve há meses artigos falaciosos de fatos que nunca existiram. Tudo sem deixar a mínima suspeita, por tratar seus colegas de trabalho com extremo afeto, tratamento este recíproco por todos. Seus artigos são inventados a partir de fontes inexistentes, anotações forjadas e fatos nunca privados. No entanto, ao longo do filme, Stephen se mostra ávido a provar e contornar todos seus artigos, sem nenhum cansaço.
Até que um outro jornalista, Adam Penenberg (Steve Zahn), de outra revista, Forbes, suspeita de um artigos de Glass e decide verificá-lo. Assim, fica claro o clima de rivalidade, mesmo que amena, que permeia as revistas, neste caso, no campo jornalístico, se policiando e esperando o próximo vacilo do concorrente. O longa toma essa rivalidade como ponto de partida para o desenrolar da história. Stephen e seu recém contratado a editor Chuck Lane (Peter Sarsgaard) partem para defenderem-se da concorrência.
A narrativa linear de O Preço de uma Verdade é alternada às cenas, divididas em diversas partes, de Stephen dando uma palestra em sua antiga escola, onde cursou o ensino médio. O centro da história é Glass, visto que a narrativa tende a mostrá-lo, inicialmente, livre de suspeita, enganando até a quem assiste. A fim de mostrar os bastidores de uma redação e do meio produtivo do jornalismo, fica notável o quanto importante é a busca, o bom uso e a confirmação de fontes verdadeiras para a qualidade de um bom jornalismo.
A âmbito das atuações, nenhuma decepciona, embora também nenhuma se destaca tanto. Salvo apenas a atuação de Peter Sarsgaard, o editor Chuck, que vai do compreensivo ao ostensivo em questão de cenas, sabendo dosar as emoções com competência e convencimento. Mesmo que o filme esteja voltado apenas para Stephen, em planos fechados sobre o seu semblante, ora rígido de segurança, ora acuado sob as acusações.
Mostrando como funciona basicamente o jornalismo em seu modo de fazer, O Preço de uma Verdade dá um exemplo de como não fazer jornalismo. Do uso e manipulação de fontes às relações diplomáticas entre os jornalistas. Durante o filme todo, talvez as únicas verdades contadas por Stephen Glass estejam no que ele diz em sua palestra. Isso só quem viu o filme pode entender.
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O cinema por si só
Posted : 14 years, 3 months ago on 18 August 2010 05:42 (A review of Day for Night)Apaixonados pelo que fazem, vários diretores de cinema expõem seu amor pela sétima arte em seus próprios filmes. E nada mais apaixonante e eficiente do que falar do cinema usando sua própria linguagem. A exemplo disso, temos a excelente comédia romântica “A Rosa Púrpura do Cairo”, do ácido Woddy Allen, o sensível “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore e o incrível “A Noite Americana”, do diretor francês François Truffaut.
Truffaut, já consagrado por seus filmes lançados nas décadas de 1950 e 1960 (“Os Incompreendidos” e “Jules e Jim”, por exemplo), se sobressai ainda mais com essa pequena pérola que lhe rendeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1973. O filme narra a produção de um filme e suas complicações. Dentre elas, romances, traições e até morte. O que resulta em cenas hilárias que facilmente ocorreriam de fato.
No filme, Truffaut não se esconde atrás da ficção e se mostra como um convicto narcisista. E ele pode. Afinal, sabe como amarrar uma história e como fazer rir nas cenas mais esdrúxulas, não deixando as atuações caricatas e as cenas patéticas. Não esconde o amor pelo cinema e, ainda mais, exalta sua profissão através do filme. Aliás, o tal filme dentro do filme, “Je Vous Présente Pamela”, é também dirigido por ele, por meio de interpretação. Um amante do cinema em dobro.
O longa-metragem também retrata a difícil tarefa de dirigir um filme. Pois, como o cinema é uma arte essencialmente coletiva, o diretor tem de contar com a cooperação de pessoas frequentemente instáveis e excêntricas, que podem ter interesses totalmente díspares e vícios reprováveis, especialmente a vaidade e a ambição exacerbada. É possível que um dos atores morra durante as filmagens ou que uma atriz entre em crise histérica numa cena. Não importa o que acontecer, o diretor está lá para mediar a situação e finalizar sua obra, sua paixão. E isso está no filme muito bem ilustrado.
Talvez taxem o filme de didático, mas é inegável que há de maneira explícita durante toda a obra o amor do criador com sua criatura. Com toda essa tentativa de humanizar o cinema, de aproximá-lo da vida, sem deixar de exaltá-lo, François Truffaut deixa para a história uma obra que é uma ode ao cinema e, afinal, é o que o diretor faz com inegável propriedade. Inesquecível, “A Noite Americana” é daqueles filmes que fazem mesmo os mais excêntricos cinéfilos saírem da sessão ainda mais apaixonados pelo cinema do que ao entrar.
Truffaut, já consagrado por seus filmes lançados nas décadas de 1950 e 1960 (“Os Incompreendidos” e “Jules e Jim”, por exemplo), se sobressai ainda mais com essa pequena pérola que lhe rendeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1973. O filme narra a produção de um filme e suas complicações. Dentre elas, romances, traições e até morte. O que resulta em cenas hilárias que facilmente ocorreriam de fato.
No filme, Truffaut não se esconde atrás da ficção e se mostra como um convicto narcisista. E ele pode. Afinal, sabe como amarrar uma história e como fazer rir nas cenas mais esdrúxulas, não deixando as atuações caricatas e as cenas patéticas. Não esconde o amor pelo cinema e, ainda mais, exalta sua profissão através do filme. Aliás, o tal filme dentro do filme, “Je Vous Présente Pamela”, é também dirigido por ele, por meio de interpretação. Um amante do cinema em dobro.
O longa-metragem também retrata a difícil tarefa de dirigir um filme. Pois, como o cinema é uma arte essencialmente coletiva, o diretor tem de contar com a cooperação de pessoas frequentemente instáveis e excêntricas, que podem ter interesses totalmente díspares e vícios reprováveis, especialmente a vaidade e a ambição exacerbada. É possível que um dos atores morra durante as filmagens ou que uma atriz entre em crise histérica numa cena. Não importa o que acontecer, o diretor está lá para mediar a situação e finalizar sua obra, sua paixão. E isso está no filme muito bem ilustrado.
Talvez taxem o filme de didático, mas é inegável que há de maneira explícita durante toda a obra o amor do criador com sua criatura. Com toda essa tentativa de humanizar o cinema, de aproximá-lo da vida, sem deixar de exaltá-lo, François Truffaut deixa para a história uma obra que é uma ode ao cinema e, afinal, é o que o diretor faz com inegável propriedade. Inesquecível, “A Noite Americana” é daqueles filmes que fazem mesmo os mais excêntricos cinéfilos saírem da sessão ainda mais apaixonados pelo cinema do que ao entrar.
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Família e reabilitação
Posted : 15 years, 7 months ago on 13 April 2009 09:53 (A review of Rachel Getting Married)Existem filmes que já nos primeiros momentos, mostram que não são só puro entretenimento. "O Casamento de Rachel" cabe muito bem nisto. Ao contrário de 'Watchmen', o filme é pura surpresa. Nada que acontece nele dá para prever. O longa retrata a visita de Kym (Anne Hathaway), vinda da reabilitação, à sua casa para o casamento de sua irmã Rachel (Rosemarie DeWitt). E em meio aos preparativos do casamento, os conflitos daquela família emergem.
Particulamente, gosto demasiadamente de filmes sobre relacionamento humano. Talvez seja por isso que "O Declínio do Império Americano" e seu seguinte "As Invasões Bárbaras" sejam filmes inesquecíveis. Nós, humanos, somos seres extremamente peculiares por mais que alguns ainda não tenham notado. E no meio de tantos filmes sobre relacionamentos, "O Casamento de Rachel" se destaca pela sua forma de narrativa nua.
As atuações são de completa importância para o filme, pois conseguem passar a veracidade necessária a fim de emocionar e, por vez, chocar o espectador. O que funcionou muito bem comigo. Com uma justa indicação ao Oscar de Melhor Atriz, Anne Hathaway faz a melhor atuação que já vi em sua carreira. Em seus momentos dramáticos, conduz muito bem as cenas e prova que mereceu a indicação. Outra maravilhora interpretação é a de Rosemarie DeWitt, que faz com competência e delicadeza a irmã de Kym, a noiva Rachel. Além de ser muitíssimo linda.
O roteiro é, lógico, a base para o desenrolar da história. Mas neste filme, ele é o palco para todas a peripécias, brincadeiras, piadas, encontros e conflitos que aparecem na fita. A direção soube muito bem mexer com os sentimentos dos personagens que, às vezes, acabam refletindo em quem está do outro lado da tela. A fotografia, ora inquieta, promove pequenos e lindos planos-sequência, e é o aspecto técnico que mais me atraiu.
Depois de ter adorado o resultado final e, incrivelmente, ter me emocionado, a única coisa que me resta escrever é: se você quer ver "O Casamento de Rachel" para puro e simples divertimento, não veja.
Particulamente, gosto demasiadamente de filmes sobre relacionamento humano. Talvez seja por isso que "O Declínio do Império Americano" e seu seguinte "As Invasões Bárbaras" sejam filmes inesquecíveis. Nós, humanos, somos seres extremamente peculiares por mais que alguns ainda não tenham notado. E no meio de tantos filmes sobre relacionamentos, "O Casamento de Rachel" se destaca pela sua forma de narrativa nua.
As atuações são de completa importância para o filme, pois conseguem passar a veracidade necessária a fim de emocionar e, por vez, chocar o espectador. O que funcionou muito bem comigo. Com uma justa indicação ao Oscar de Melhor Atriz, Anne Hathaway faz a melhor atuação que já vi em sua carreira. Em seus momentos dramáticos, conduz muito bem as cenas e prova que mereceu a indicação. Outra maravilhora interpretação é a de Rosemarie DeWitt, que faz com competência e delicadeza a irmã de Kym, a noiva Rachel. Além de ser muitíssimo linda.
O roteiro é, lógico, a base para o desenrolar da história. Mas neste filme, ele é o palco para todas a peripécias, brincadeiras, piadas, encontros e conflitos que aparecem na fita. A direção soube muito bem mexer com os sentimentos dos personagens que, às vezes, acabam refletindo em quem está do outro lado da tela. A fotografia, ora inquieta, promove pequenos e lindos planos-sequência, e é o aspecto técnico que mais me atraiu.
Depois de ter adorado o resultado final e, incrivelmente, ter me emocionado, a única coisa que me resta escrever é: se você quer ver "O Casamento de Rachel" para puro e simples divertimento, não veja.
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A escolha certa
Posted : 15 years, 8 months ago on 10 March 2009 01:05 (A review of Slumdog Millionaire)Mesmo com todo esse furor em volta de 'Quem Quer Ser Um Milionário?', eu não estava botando muita fé nele. Talvez seja pelo pôster do longa que, convenhamos, não é tão atraente. Na verdade, estava mais a fim de ver 'Watchmen'. E tive uma grata surpresa. 'Quem Quer Ser Um Milionário?' é um filme inesquecível, apaixonante.
Com tudo muito bem calculado, o filme de Danny Boyle se dispõe a contar a trajetória de vida de Jamal, um garoto pobre e sem acesso a maiores informações que acaba participando de um programa televisivo de perguntas e respostas e está prestes a ganhar 20 milhões de rúpias. Como um garoto favelado consegue tal feito? O filme se resume em explicar como ele conseguiu tal façanha.
Durante os primeiros minutos, várias cenas me lembraram muito 'Cidade de Deus', de Fernando Meirelles. O modo em que a fotografia esperta capta os passos corridos dos moradores da favela e suas tarefas corriqueiras é surpreendentemente parecido com o nosso clássico brasileiro. No entanto, ao decorrer da obra percebe-se o quanto original e perspicaz o filme consegue mostrar que é.
'Quem Quer Ser Um Milionário?' é um dos filmes mais originais desta nova safra de longas-metragem que extreiam nos cinemas. Isso por causa do roteiro inteligente e dinâmico que, não por acaso, é o que mais impressiona e prende quem assiste. Outro aspecto que contribui para compôr a qualidade indiscutível de 'Quem Quer Ser Um Milionário?' é a montagem. Montagem esta que costura com eficiência a narrativa quebrada do longa. Isso faz do óbvil uma coisa nova.
Mesmo você sabendo como vai terminar a história, você fica apreenssivo com toda a situação ocorrente, que aumenta ainda mais com a trilha sonora tensa. Sobre a trilha sonora, não há do que reclamar. Músicas animadas e densas no melhor estilo indiano, tem M.I.A. com sua ótima canção "Paper Planes" muito bem usada no longa. Sem falar da cena de dança ao som de "Jai Ho" nos créditos finais.
Com um pouco de ação, comédia e muito romance, 'Quem Quer Ser Um Milionário?' não desagrada nem um pouco. Ao contrário, ao término do filme a sensação de felicidade e de pura satisfação abraça o espectador que, sem dúvida alguma, não vai esquecer por muito tempo do que sentiu quando viu 'Quem Quer Ser Um Milionário?'.
Com tudo muito bem calculado, o filme de Danny Boyle se dispõe a contar a trajetória de vida de Jamal, um garoto pobre e sem acesso a maiores informações que acaba participando de um programa televisivo de perguntas e respostas e está prestes a ganhar 20 milhões de rúpias. Como um garoto favelado consegue tal feito? O filme se resume em explicar como ele conseguiu tal façanha.
Durante os primeiros minutos, várias cenas me lembraram muito 'Cidade de Deus', de Fernando Meirelles. O modo em que a fotografia esperta capta os passos corridos dos moradores da favela e suas tarefas corriqueiras é surpreendentemente parecido com o nosso clássico brasileiro. No entanto, ao decorrer da obra percebe-se o quanto original e perspicaz o filme consegue mostrar que é.
'Quem Quer Ser Um Milionário?' é um dos filmes mais originais desta nova safra de longas-metragem que extreiam nos cinemas. Isso por causa do roteiro inteligente e dinâmico que, não por acaso, é o que mais impressiona e prende quem assiste. Outro aspecto que contribui para compôr a qualidade indiscutível de 'Quem Quer Ser Um Milionário?' é a montagem. Montagem esta que costura com eficiência a narrativa quebrada do longa. Isso faz do óbvil uma coisa nova.
Mesmo você sabendo como vai terminar a história, você fica apreenssivo com toda a situação ocorrente, que aumenta ainda mais com a trilha sonora tensa. Sobre a trilha sonora, não há do que reclamar. Músicas animadas e densas no melhor estilo indiano, tem M.I.A. com sua ótima canção "Paper Planes" muito bem usada no longa. Sem falar da cena de dança ao som de "Jai Ho" nos créditos finais.
Com um pouco de ação, comédia e muito romance, 'Quem Quer Ser Um Milionário?' não desagrada nem um pouco. Ao contrário, ao término do filme a sensação de felicidade e de pura satisfação abraça o espectador que, sem dúvida alguma, não vai esquecer por muito tempo do que sentiu quando viu 'Quem Quer Ser Um Milionário?'.
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Vários caminhos para um destino
Posted : 15 years, 8 months ago on 7 March 2009 12:14 (A review of 21 Grams (2003))Até que ponto as histórias de pessoas desconhecidas podem se esbarrar numa dessas esquinas da vida? "21 Gramas" discute isso. E não é tão simples assim. O filme requer total atenção para compreendê-lo. Atenção esta que nunca será tão bem usada. Minha atenção se rendeu à "21 Gramas" e, ao final, não se arrependeu. Segundo filme de uma trilogia criada pelo diretor Alejandro González Iñárritu, "21 Gramas" surpreende da sua primeira cena até a última.
O ponto mais alto e louvável da trama é seu roteiro seguro, complicado e intrigante. É incrível como esta técnica de narrativa quebrada funciona tão bem a todo instante no longa. Cada cena é única e os diálogos bem articulados compõe uma atmosfera tensa que porta-se sempre. O que mais me impressionou no roteiro é sua forma de fugir do convencional. As cenas não vêm com uma explicação do que aconteceu por último. Tudo é colocado de forma aleatória, o que contribui para tornar as interpretações mais densas e chocantes.
Outro aspecto que compõe esta obra espetacular são as atuações. O maior destaque neste campo é a estarrecedora interpretação de Naomi Watts. Linda e superenvolvente, Naomi atua como nunca vi e me faz brilhar os olhos. Desde "King Kong", "O Chamado" e "Tentação" já reparo no seu talento e sua beleza excitante. Não se pode esquecer de Sean Penn que já é um dos melhores atores do cinema atual e todo mundo sabe. Sem contar Benicio del Toro que me surpreendeu muito e me abriu os olhos para seu talento.
Com uma fotografia fodona de tão tensa, "21 Gramas" se mostra um longa incrível que, por vezes, até choca. Quando os créditos finais subiram, ainda fiquei parado computando todas informações e sensações que a fita me passou. Desde "Desejo e Reparação" eu não sinto isso. Tô até com vontade de ver o filme outra vez.
O ponto mais alto e louvável da trama é seu roteiro seguro, complicado e intrigante. É incrível como esta técnica de narrativa quebrada funciona tão bem a todo instante no longa. Cada cena é única e os diálogos bem articulados compõe uma atmosfera tensa que porta-se sempre. O que mais me impressionou no roteiro é sua forma de fugir do convencional. As cenas não vêm com uma explicação do que aconteceu por último. Tudo é colocado de forma aleatória, o que contribui para tornar as interpretações mais densas e chocantes.
Outro aspecto que compõe esta obra espetacular são as atuações. O maior destaque neste campo é a estarrecedora interpretação de Naomi Watts. Linda e superenvolvente, Naomi atua como nunca vi e me faz brilhar os olhos. Desde "King Kong", "O Chamado" e "Tentação" já reparo no seu talento e sua beleza excitante. Não se pode esquecer de Sean Penn que já é um dos melhores atores do cinema atual e todo mundo sabe. Sem contar Benicio del Toro que me surpreendeu muito e me abriu os olhos para seu talento.
Com uma fotografia fodona de tão tensa, "21 Gramas" se mostra um longa incrível que, por vezes, até choca. Quando os créditos finais subiram, ainda fiquei parado computando todas informações e sensações que a fita me passou. Desde "Desejo e Reparação" eu não sinto isso. Tô até com vontade de ver o filme outra vez.
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Na dúvida, hesite
Posted : 15 years, 9 months ago on 25 February 2009 09:37 (A review of Doubt)Com certeza absoluta, não há nome melhor para este filme, adptado de uma premiada peça de mesmo nome. O filme se passa em meados de 1960's, numa escola de freiras onde uma rígida freira, que é também a diretora da escola, inicia uma cruzada contra o padre local, devido à suspeita de que esteja dando atenção demasiada a um aluno. Com um elenco memorável, "Dúvida" se baseia nisto.
Com uma atmosfera sombria, "Dúvida" começa na missa, com o padre dando seu sermão. Interpretado com maestria por Philip Seymour Hoffman, padre Brendan Flynn é o centro das atenções por seu suspeita. E interpretações boas sobram em "Dúvida". Além de Philip Seymour, Meryl Streep e Amy Adams fazem bonito quando aparecem. Sem contar Viola Davis que aparece pouco no filme, mas surpreende muitíssimo. Sua atuação só colaborou.
Streep é, sem dúvida, a melhor atuação presente. Mas como todos já conhecem seu talento incontestável, quem impressiona mais é Amy Adams. Saída do belo "Encantada", agora como Irmã James, Amy mostra que mereceu com exaltação sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. No caso de Streep, indicada pela Academia por Melhor Atriz, também não faz feio. Sua Irmã Aloysius Beauvier transborda medo aos alunos da escola, às Irmãs e a quem assiste também.
Um roteiro belíssimo, uma fotografia linda, um elenco de primeira e diálogos bem trablhados. "Dúvida" se mostra como um dos melhores filmes deste começo de ano. Botando na balança, percebo que "O Leitor", mesmo sendo um belíssimo longa, não deveria ser indicado ao Oscar de Melhor Filme, dando lugar assim para "Dúvida".
Com uma atmosfera sombria, "Dúvida" começa na missa, com o padre dando seu sermão. Interpretado com maestria por Philip Seymour Hoffman, padre Brendan Flynn é o centro das atenções por seu suspeita. E interpretações boas sobram em "Dúvida". Além de Philip Seymour, Meryl Streep e Amy Adams fazem bonito quando aparecem. Sem contar Viola Davis que aparece pouco no filme, mas surpreende muitíssimo. Sua atuação só colaborou.
Streep é, sem dúvida, a melhor atuação presente. Mas como todos já conhecem seu talento incontestável, quem impressiona mais é Amy Adams. Saída do belo "Encantada", agora como Irmã James, Amy mostra que mereceu com exaltação sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. No caso de Streep, indicada pela Academia por Melhor Atriz, também não faz feio. Sua Irmã Aloysius Beauvier transborda medo aos alunos da escola, às Irmãs e a quem assiste também.
Um roteiro belíssimo, uma fotografia linda, um elenco de primeira e diálogos bem trablhados. "Dúvida" se mostra como um dos melhores filmes deste começo de ano. Botando na balança, percebo que "O Leitor", mesmo sendo um belíssimo longa, não deveria ser indicado ao Oscar de Melhor Filme, dando lugar assim para "Dúvida".
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Feliz mundo de merda
Posted : 15 years, 9 months ago on 18 February 2009 11:58 (A review of December)Selton Mello é um dos melhores atores do cinema brasileiro. Sempre em boas performances nos filmes em que atuou, como o árido "Auto da Compadecida", o lindo "Lisbella e o Prisioneiro" e o impagável "O Cheiro do Ralo". Agora, depois de tantos trabalhos memoráveis como ator, Selton decide enveredar-se por trás das câmeras. E entrega seu primeiro filme, como diretor, "Feliz Natal" como um filme de um natal nada feliz.
Logo de cara, as primeiras cenas mostram a profundidade emocional com que o filme decide contar a história. Também de cara, nota-se a eficaz fotografia e a soturna trilha sonora. "Feliz Natal" mostra o natal de Caio (Leonardo Medeiros) que, há tempos longe de casa, vai passar a data com a família. Lá a história fica intensa. Suas memórias acordam e seus parentes expurgam todo o ódio que lhe tem.
O debut do diretor Selton Mello aborda com clareza o consumismo desenfreado e estúpido que permeia nossa sociedade e a molda, incluindo uns e excluindo vários. Este é o maior trunfo de "Feliz Natal", que ainda arruma tempo para mostrar como esse consumisco recai sobre as famílias. E não há data melhor que esta para falar disto: o Natal.
Dando rosto aos personagens, as atuações são de um modo geral satisfatórias. Em destaque, Darlene Glória como Mércia, mãe de Caio, está inacreditável. Sua performance chega a assustar a quem assiste de tão real e intensa que é sua atuação. Graziela Moretto, sempre linda e competente, está em seu lugar como Fabi, cunhada de Caio.
Com uma linguagem de imagem & som, a fita, em seus últimos momentos, acaba por enrolar e entregar um final sem muito ânimo. Contudo, o que faz de "Feliz Natal" um obra admirável e capaz de escapar de uma nota 7 é seu roteiro criativo e sua direção firme. Contraditoriamente, "Feliz Natal" é um longa que eu nunca indicaria para se ver no Natal. É melhor alugar "Esqueceram de Mim" e dar boas gargalhadas, acredite.
Logo de cara, as primeiras cenas mostram a profundidade emocional com que o filme decide contar a história. Também de cara, nota-se a eficaz fotografia e a soturna trilha sonora. "Feliz Natal" mostra o natal de Caio (Leonardo Medeiros) que, há tempos longe de casa, vai passar a data com a família. Lá a história fica intensa. Suas memórias acordam e seus parentes expurgam todo o ódio que lhe tem.
O debut do diretor Selton Mello aborda com clareza o consumismo desenfreado e estúpido que permeia nossa sociedade e a molda, incluindo uns e excluindo vários. Este é o maior trunfo de "Feliz Natal", que ainda arruma tempo para mostrar como esse consumisco recai sobre as famílias. E não há data melhor que esta para falar disto: o Natal.
Dando rosto aos personagens, as atuações são de um modo geral satisfatórias. Em destaque, Darlene Glória como Mércia, mãe de Caio, está inacreditável. Sua performance chega a assustar a quem assiste de tão real e intensa que é sua atuação. Graziela Moretto, sempre linda e competente, está em seu lugar como Fabi, cunhada de Caio.
Com uma linguagem de imagem & som, a fita, em seus últimos momentos, acaba por enrolar e entregar um final sem muito ânimo. Contudo, o que faz de "Feliz Natal" um obra admirável e capaz de escapar de uma nota 7 é seu roteiro criativo e sua direção firme. Contraditoriamente, "Feliz Natal" é um longa que eu nunca indicaria para se ver no Natal. É melhor alugar "Esqueceram de Mim" e dar boas gargalhadas, acredite.
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Amor didático
Posted : 15 years, 9 months ago on 12 February 2009 02:23 (A review of The Reader)"O Leitor", mesmo tendo um forte contexto histórico (pós 2ª Guerra Mundial), se propõe a falar de sentimentos. Narra a história de um garoto, Michael Berg, que se apaixona por uma mulher, Hanna Schmitz, já com o dobro de sua idade e que mantém um caso com esta. Com o passar do tempo, ele lê livros para ela (por isso "O Leitor). Anos mais tarde, já há tempos sem vê-la, o garoto, já universitário em Direito, reencontra-a no banco do réu.
David Kross, como o garoto, e Kate Winslet, como a mulher, formam um casal com perfeita compatibilidade em cena. Este primeiro se revela como um competente ator que se completa com o talento já reconhecido de Kate Winlet. Winslet também merece mérito por sua sensível e emocionante atuação. Quando em cena, as câmeras se rendem à sua beleza ofuscante e deixam que ela reine. E como reina.
Os aspectos ténicnos são grandes atrativos. A trilha sonora que embala "O Leitor" é de extrema importância para compor cenas que tocam o coração dos mais chorões, como minha amiga que chorou ao meu lado na metade da sessão. A direção de arte se faz presente e ambienta com exelência até as cenas dos anos mais recentes, o que de fato surpreende.
Stephen Daldry que já dirigiu os inesquecíveis "As Horas" e "Billy Elliot" é o ingrediente principal desta trama. Isso porque ele sabe manipular os acontecimentos e, além do mais, o conjunto técnico, como já diz o nome, é técnica. E o que importa mesmo é se o filme comove, funciona. E mais uma vez, Daldry prova que sabe fazer isso muito bem. Pois "O Leitor" não perde seu clima, tendo em vista que o espectador tende a ficar mais atento à história até o desfecho final.
O que faz deste longa pior que "As Horas e "Billy Eliott" são os momentos finais. Depois da morte de Hanna Schmitz, o filme entrega cenas vagas que culminam num final insatisfatório. Contudo, isto não faz deste um filme ruin. Ao contrário, "O Leitor" é uma obra linda de ver e difícil de esquecer.
David Kross, como o garoto, e Kate Winslet, como a mulher, formam um casal com perfeita compatibilidade em cena. Este primeiro se revela como um competente ator que se completa com o talento já reconhecido de Kate Winlet. Winslet também merece mérito por sua sensível e emocionante atuação. Quando em cena, as câmeras se rendem à sua beleza ofuscante e deixam que ela reine. E como reina.
Os aspectos ténicnos são grandes atrativos. A trilha sonora que embala "O Leitor" é de extrema importância para compor cenas que tocam o coração dos mais chorões, como minha amiga que chorou ao meu lado na metade da sessão. A direção de arte se faz presente e ambienta com exelência até as cenas dos anos mais recentes, o que de fato surpreende.
Stephen Daldry que já dirigiu os inesquecíveis "As Horas" e "Billy Elliot" é o ingrediente principal desta trama. Isso porque ele sabe manipular os acontecimentos e, além do mais, o conjunto técnico, como já diz o nome, é técnica. E o que importa mesmo é se o filme comove, funciona. E mais uma vez, Daldry prova que sabe fazer isso muito bem. Pois "O Leitor" não perde seu clima, tendo em vista que o espectador tende a ficar mais atento à história até o desfecho final.
O que faz deste longa pior que "As Horas e "Billy Eliott" são os momentos finais. Depois da morte de Hanna Schmitz, o filme entrega cenas vagas que culminam num final insatisfatório. Contudo, isto não faz deste um filme ruin. Ao contrário, "O Leitor" é uma obra linda de ver e difícil de esquecer.
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A rainha (e a princesa)
Posted : 15 years, 9 months ago on 10 February 2009 11:34 (A review of The Queen)Um filme correto. Nisso se pode resumir "A Rainha", filme de Stephen Frears, também diretor do cult "Alta Fidelidade". O longa mostra a semana depois da morte da princesa Diana. Mostra como foi o comportamento político e social diante do trágico acontecimento.
O filme é correto pois a técnica é eficaz. A fotografia do filme é correta, as atuações do filme são corretas, a trilha sonora do filme é correta, o figurino também é correto. Contudo, a impecável estética esconde uma história mal desenrolada, sem grandes cenas que não empolgam, não emocionam, não intrigam, nem prendem nossa atenção. Uma trama que, sem uma direção firme, acaba por cair no marasmo.
Helen Mirren, como Elizabeth II (a tal rainha do título), está ótima. Sua atuação, que lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz, convence e encanta. Sua elegância como Rainha Elizabeth II é indiscutível, dígna de Oscar. A atuação mais competente da fita. Mas também temos Michael Sheen, como o primeiro-ministro britânico Tony Blair, numa honrosa atuação. Em certas cenas, ele brilha e se destaca. E é a única atuação que exala sentimento.
De resto, "A Rainha" é um filme que tinha tudo para dar certo, mas caba não dando e ainda não diz nada. E não ligue se você dormir durante a sessão. É completamente compreensivo.
O filme é correto pois a técnica é eficaz. A fotografia do filme é correta, as atuações do filme são corretas, a trilha sonora do filme é correta, o figurino também é correto. Contudo, a impecável estética esconde uma história mal desenrolada, sem grandes cenas que não empolgam, não emocionam, não intrigam, nem prendem nossa atenção. Uma trama que, sem uma direção firme, acaba por cair no marasmo.
Helen Mirren, como Elizabeth II (a tal rainha do título), está ótima. Sua atuação, que lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz, convence e encanta. Sua elegância como Rainha Elizabeth II é indiscutível, dígna de Oscar. A atuação mais competente da fita. Mas também temos Michael Sheen, como o primeiro-ministro britânico Tony Blair, numa honrosa atuação. Em certas cenas, ele brilha e se destaca. E é a única atuação que exala sentimento.
De resto, "A Rainha" é um filme que tinha tudo para dar certo, mas caba não dando e ainda não diz nada. E não ligue se você dormir durante a sessão. É completamente compreensivo.
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